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As diferenças entre as escolas públicas e escolas particulares.

  • Paula Caldas, Maria Eduarda Barboza
  • 2 de abr. de 2015
  • 6 min de leitura

Todos sabemos que escolas públicas na maioria dos casos são menos favorecidas do que as particulares pelo fato de serem bancadas pelo governo, diferentemente de escolas que se sustentam com a mensalidade paga pelos responsáveis dos alunos. Em algumas instituições públicas não há professores para todas as matérias e possuem instalações precárias por exemplo. Além dos baixos salários dos profissionais atuantes nesta área fazem com que estes sejam desestimulados a fazer um bom trabalho.

Alunos do Colégio Dom Cipriano

Com o intuito de entender um pouco mais sobre essas diferenças fomos ao colégio Dom Cipriano em Botafogo, onde o grupo da Ação Social faz um trabalho voluntário, e falamos com a coordenadora Ligia Beijamin e ela respondeu algumas perguntas.

Também falamos com a professora de biologia, Maria da Conceição que além de trabalhar no Colégio Cruzeiro Centro também dá aulas no Pedro II. Perguntamos para a professora Conceição sobre as diferenças entre as escolas públicas e particulares, “...são muitas diferenças, o público é diferente, na minha escola pública eu tenho um conjunto muito grande de alunos de uma classe social mais carente, eu não posso lhes exigir que eles comprem alguns materiais por causa das questões financeiras das famílias, então isso também limita um pouco o nosso trabalho. De certa forma os professores de escolas públicas precisam ser mais criativos, por que tem que conseguir fazer muito com muito pouco. Já em uma escola particular nós temos acesso a laboratórios, uma sala de aula que você tem um ar condicionado que funcione, que dá um conforto maior aos alunos, o material, a mecanografia da nossa escola, tudo que você pede para ser reproduzido imediatamente lhe é entregue já na minha escola pública as vezes falta papel, muitas vezes o funcionário encarregado de fazer as copias falta muito, outro entra em uma licença muito grande e não tem ninguém para substituir. Aqui na nossa mecanografia nós temos funcionários que ficam a manhã e a tarde na escola, na minha escola pública o funcionário só fica na parte da manhã, então se chega um professor pedindo uma reprodução de um material na parte da tarde esse material não vai ser feito porque não tem ninguém pra faze-lo, então a gente tem algumas dificuldades com relação ao material. O aluno apesar de ser um aluno muitas fezes pertencente a uma classe economicamente menos favorecida ele é um aluno também interessado e é por esse aluno que a gente tem que lutar, fazer muito com muito pouco."

Também perguntamos qual é a opinião dela sobre o que o governo deve melhorar nas escolas públicas, "A primeira coisa que o governo tem que fazer é de fato olhar que existem escolas públicas, vamos enxergar essas escolas. Que melhorias nós podemos fazer? Um fornecimento de material de boa qualidade aos nossos alunos, uma melhoria do espaço, para torna o espaço da escola mais agradável pra esse aluno, a contratação de um número de profissionais suficientes pra fazer essa escola funcionar, isso é importante, ou seja, nos fornecer, pra nós educadores a base para que a gente possa trabalhar. Não é uma questão só de aumentar salário, porque, não é o aumento do salário do professor que vai fazer a educação melhorar, por que não é só isso que está envolvido, é uma escola de qualidade, uma escola agradável, uma escola em que o aluno se sinta acolhido, uma escola interessante, que tenha materiais interessantes para você trabalhar em sala de aula, por exemplo, nessa escola pública que eu trabalho se eu quero fazer uma atividade prática com os alunos eu é que tenho que comprar todo o material, a escola não tem dinheiro para fornecer para a compra de material, vocês aqui quando vão ao laboratório tem tudo a disposição...a escola fornece pra vocês, isso é material para o professor também trabalhar, na minha escola não, se eu quero fazer uma aula prática eu é que tenho que comprar tudo, eu compro, eu não me nego a fazer isso, mas está errado. Mas eu vou deixar o meu aluno na mão? Não posso. Então o governo tinha que olhar isso, será que tem todo o material que o professor está precisando pra trabalhar? Será que estou enxergando essa escola? Eu sei que ela existe de fato e não só uma estatística? "

Depois a perguntamos se ela acha correto o fato de que em alguns casos há uma aprovação em massa nos setor público não levando em consideração se o aluno atingiu o não o objetivo, pelo fato do governo dar um 14° salario para os professores da escola que tiver um maior índice de aprovados? "Na escola particular, quando um aluno refaz a série, essa é uma oportunidade que o aluno tem de resgatar conteudos de fazer uma nova história, de ter momentos para tirar dúvidas que ainda permanecem. O aluno tem que ver a reprovação como uma punição, é uma nova forma, um novo momento, que ele tem pra resgatar algo que é muito importante pra ele seguir a frente, então é evidentemente que eu sou contra, nas escolas públicas a aprovação automática, porque eu sei que isso de fato não está ajudando a formação do aluno. A quem está ajudando a aprovação automática? Talvez esses índices, que por algum interesse devem ser elevados o grau de aprovação, tem todo um interesse por trás disso. Mas mais uma vez eu volto aquela questão, o poder público precisa enxergar as escolas de fato e não apenas no papel. Fazer a aprovação automática ou incentivar a aprovação automática não leva a crescimento e formação do aluno, ele vai carregar com ele dificuldades e lacunas que ele não teve oportunidade de preencher, de retirar essas dúvidas. O Governo ao aprovar essa forma de aprovação na verdade não está ajudando o aluno, não está dando a ele a chance dele crescer, dele se formar, está enganando o aluno e sua família. E onde é que isso vai aparecer lá na frente? Quando ele tentar conseguir um concordo, trabalho, aí essas dificuldades vão aparecer. Mas ele estará lá com o diploma de conclusão do ensino médio."

"Existem enes escolas públicas, tem as escolas públicas excelentes, que tem tudo, e essas, digamos assim, caíram nas graças da prefeitura, posso até citar uma dela, que é a Escola Minas Gerais na Urca, essa escola é tida como escola modelo. Só que o governo tem que lembrar que todas as escolas tem que ser tidas como escolas modelos."

Por último perguntamos se ela acha viável as manifestações que os professores fazem para pedir um aumento de salário apesar de alguns realizarem as aprovações automáticas. "Eu vou repetir, a melhoria da educação não passa pelo aumento de salário do professor. Não passa por isso. Passa pelo apoio que o governo tem que dar a escola e ao professor. O professor pode não ter uma salário muito alto, mas ele tem que ter um salário digno. O que que é um salário digno? É conseguir sobreviver com esse salário, isso é básico, ele tem que ter capacidade de poder fazer uma capacitação, a formação dele continuada. O governo tem que capacitar, tem que fornecer esse instrumentos, fornecer a escola "olha nós temos aqui um curso que está sendo dado de idade tal, gostaríamos que os professores fizessem" e proporcionar que esses professores tenham essa capacitação. E proporcionar que o professor tenha em seu ambiente de trabalho o material necessário para trabalhar. Isso não passa pelo salário do professor, o salário do professor tem que ser digno, ele tem que sobreviver com esse salário. É o trabalho dele, foi o trabalho que ele escolheu pra fazer, com isso que ele sustenta a família dele. Agora como é que ele vai conseguir melhorar o ensino dele? Se ele tiver condições para isso, que não passa só pelo aumento de salário. Não adianta um professor ganhar um salário alto se ele não tem uma escola adequada para dar aula, se ele não tem luz, se ele não tem um ventilador, se as janelas estão quebradas, se não tem carteira para o menino estudar. Adianta ele ganhar bem? O que que adianta? Não é só, eu não estou falando que não tenha que ter um aumento de salário, mas eu quero desvincular o salário dessa melhoria, porque é mais do que isso. O salário é importante porque ele é dignidade. Todos nós nos formamos para poder construir dignidade. O nosso trabalho nos dá isso. A escola é mais do que isso, o governo tem que enxergar essas escolas..."


 
 
 

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